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Fazer arquitetura...

"Não é o ângulo reto que me atrai nem a linha reta, dura, inflexível, criado pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher amada.

De curvas é feito todo o universo – o universo curvo de Einstein."
(Oscar Niemeyer)

ARQUITETURA PARA 2011...

Vejam agora e sintam os espaços futuramente! Projetos arquitetônicos que serão lançados o ano que vem, projetos contam com a participação de Ruy Ohtake e de nosso ilustre Oscar Niemayer.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Homenagem a Oscar Niemeyer




É possível contar a história de um povo através da sua arquitetura? Dizem que o aspecto mais importante da aparência dos edifícios está no que vislumbramos a respeito das sociedades que os construíram. Seguindo este raciocínio, podemos afirmar que a arquitetura de Oscar Niemeyer e outros arquitetos da sua geração é, com certeza, o que de melhor o Brasil produziu. Uma arquitetura com alma própria, inspirada na geografia de nosso país, que acabaria por influenciar arquitetos no mundo inteiro.
Oscar Niemeyer – A vida é um sopro é um filme que, sem pretender ser inovador ou genial como o personagem que lhe serve de tema, procura se pautar na clareza de suas linhas e na poética de suas formas, para (re)construir a história do maior ícone da Arquitetura Moderna Brasileira. Uma história indissociavelmente ligada às transformações do país neste último século.
No documentário, de 90 minutos, o arquiteto conta de forma descontraída como concebeu seus principais projetos. Mostra como revolucionou a Arquitetura Moderna, com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de utilização do concreto armado. Fala também sobre sua vida, seu ideal de uma sociedade mais justa e de questões metafísicas como a insignificância do Homem diante do Universo.
Produzido pela Santa Clara Comunicação e rodado em vídeo digital e 16mm no Brasil, na Argélia, França, Itália, Estados Unidos, Uruguai, Inglaterra e Portugal, A vida é um sopro é costurado por imagens de arquivo inéditas e raras, e por depoimentos de personalidades como os escritores José SaramagoEduardo Galeano e Carlos Heitor Cony, o poetaFerreira Gullar, o historiador Eric Hobsbawn, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, o ex-presidente de Portugal Mário Soares e o compositor Chico Buarque.

BAIXE:



Oscar Niemeyer

Em 1940, Niemeyer conheceu Juscelino Kubitschek. Este, na época, era o prefeito de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e tinha interesse em desenvolver uma área ao Norte da cidade chamada Pampulha. Chamou Niemeyer para projetar uma série de prédios que seriam conhecidos como conjunto da Pampulha. 

Ao redor da lagoa, o arquiteto traçou a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Cassino da Pampulha e o Iate Clube. Hoje, onde era o cassino, funciona o Museu de Arte da Pampulha, e, na antiga Casa do Baile, um centro de referência em urbanismo e arquitetura. Este seria o primeiro trabalho individual de Niemeyer, com 33 anos de idade.

Prontos em 1943, os prédios renderam muitas críticas e admiração. Conseguiu sua primeira projeção internacional e muitas polêmicas locais. A Igreja católica negou-se a benzer a Igreja de São Francisco de Assis (Belo Horizonte), em parte por sua forma não ortodoxa, em parte pelo mural moderno pintado por Portinari. O mural possuía traços abstratos e reconhecia-se um cachorro, representando um lobo junto à São Francisco de Assis.

No conjunto da Pampulha Niemeyer começa um estilo que irá marcar o seu trabalho quase todo: utiliza-se das propriedades estruturais do concreto armado para dar formas sinuosas aos prédios. Quando Niemeyer desenha um prédio ele o faz com o mínimo de traços possíveis. Ele porém nega que seus prédios tenham uma estética que ofusca o utilitarismo: sempre escreveu enormes justificativas de projetos, onde descreve a função de cada curva do edifício. Ele costuma dizer que se não pode justificar uma idéia em um parágrafo, desiste dela.

Brasília

Em 1956, Juscelino Kubitschek é eleito presidente do Brasil e o chama para a direção do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da NOVACAP, empresa urbanizadora da nova Capital, que já tem a função de construir e transferir a Capital do País para o Centro-Oeste despovoado.

Niemeyer dá início aos trabalhos, abrindo um concurso para a escolha do Plano-piloto de Brasília e quem ganha é, justamente, Lúcio Costa, seu antigo patrão e amigo. Ambos dividem, então, as atividades: Lúcio cuidaria de todo o plano da cidade e Niemeyer, dos projetos dos prédios. Rapidamente, o gênio projeta dezenas de edifícios, sendo que a Catedral se sobressai, trazendo simbolismos de rara beleza.

Ele e Lúcio procuram colocar em prática todas as suas idéias modernistas, além de uma ideologia socialista, com prédios com apartamentos sem distinção de classes, todos basicamente semelhantes. Pretendiam, também, que outras cidades como a Capital fossem construídas em diversas regiões do País, concretizando assim a aspiração de Juscelino de povoar as áreas inóspitas do Brasil, além de alavancar sua indústria. No curto espaço de quatro anos, que durou o mandato de Juscelino, Brasília foi totalmente projetada, concluída e inaugurada.

Após a inauguração da cidade, Niemeyer é nomeado coordenador da Faculdade de Arquitetura da recém criada Universidade de Brasília - UnB. Em 1963, é nomeado membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos dos Estados Unidos e, também, recebe o Prêmio Lênin da Paz, na União Soviética.  No mesmo ano, viaja para o Líbano para projetar a Feira Internacional e Permanente de Trípoli e o Conjunto Esportivo do Líbano. Em 1964, foi nomeado membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências e do Instituto Nacional de Artes e Letras, da qual se desliga em 1970, em protesto contra a guerra do Vietnã. Ainda em 1964, entretanto, na volta de uma viagem a negócios para Israel, já encontra a ditadura militar instalada no País.